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quarta-feira, 31 de julho de 2013

O Livro do Ano de Afonso Cruz por Alfaguara/Objectiva


A capa - o cartão de visita:
Dizem que não devemos julgar um livro pela sua capa, mas quando o seu autor é também o ilustrador, só faz sentido que a capa seja apreciada tanto como o resto do livro. A capa é um cartão de visita, um "venha cá, sr leitor, espreite que cá dentro guardo um segredo, uma aventura, uma viagem, uma voz, verdades e mentiras, uma história que o irá fascinar". 
A capa dura, com uma ilustração linda e o contraste preto-branco torna o livro uma peça elegante e que fica fantástica na estante lá de casa (não me venham dizer que não é por isso que gostam de ter livros de papel, porque os olhos também comem, e neste caso, os meus olhos devoram e deliciam-se com esta beleza)

O diário - as estações:
O livro não é nada mais que um diário de uma menina perguntadeira, curiosa e que na sua inocência da idade consegue ver verdades que nós adultos não queremos ver. O diário passa com as estações e a cada dia a menina vai nos prendando com um pensamento, uma ideia, uma questão e até algumas respostas que vai obtendo do irmão, do pai, do avó. Umas ela não compreende muito bem, outras vai decifrando ou desmistificando. Como o coelho que não nasce de ovos mais sim de chapéus. 

É um livro romântico, doce, ternurento... Deixa a quem o lê um sorriso nos lábios e um calorzinho no coração. 

Deixei-me apaixonar pela menina do diário, partilhando com ela as suas dúvidas, o que a aflige e o que lhe dá esperanças. Também quero deitar água da Primavera no Outono, nem que seja uma água metafórica, que faça renascer e aquecer o espírito gelado que nos pesa os ombros neste ano de cortes e apertos do cinto. 

As ilustrações são fabulosas. Este livro faz-me acreditar que entramos numa nova fase na edição de livros, onde o albúm ilustrado não é apenas do domínio infantil, mas que tanto pode ser lido e disfrutado por uma criança de 8 como uma de 88 anos. 

O autor/ilustrador - Afonso Cruz:
Afonso Cruz é escritor, realizador de filmes de animação, ilustrador e músico. Um verdadeiro artista



Mais obras publicadas:

  • A Carne de Deus, Bertrand Editora (2008)
  • Enciclopédia da Estória Universal, Livros Quetzal (2009)
  • Os Livros que Devoraram o Meu Pai, Editorial Caminho (2010)
  • A Boneca de Kokoschka, Livros Quetzal (2010)
  • A Contradição Humana, Editorial Caminho (2010)
  • O Pintor Debaixo do Lava-Loiças, Editorial Caminho (2011)
  • Enciclopédia da Estória Universal - Recolha de Alexandria, Alfaguara (2012)
  • Jesus Cristo Bebia Cerveja, Alfaguara (2012)
  • Enciclopédia da Estória Universal - Arquivos de Dresner, Alfaguara (2013)




Recomendo a leitura! LEIAM!!! 5/5

terça-feira, 23 de julho de 2013

Hoje apetece-me recomendar: Oliver Jeffers


Os livros que se seguem são do ilustrador/autor Oliver Jeffers e foram publicados pela Orfeu Negro. São histórias deliciosas, cheias de humor e amor, com ilustrações e um design fabulosos.

Para ler e chorar por mais... 

Recomendadíssimo!!!






segunda-feira, 22 de julho de 2013

O Livro Inclinado de Peter Newell pela Orfeu Negro - Orfeu Mini


Publicado pela primeira vez em 1910, O Livro Inclinado, de Peter Newell, é um clássico do livro para crianças e ao mesmo tempo um objecto único e irresistível para os leitores mais crescidos. Em verso e literalmente inclinado, este livro ilustra nas suas páginas a descida rocambolesca de Bobby no seu carrinho de bebé pela encosta mais empinada do bairro. Bobby atropela os vizinhos, o guarda, o pintor, a vaca, o jornaleiro, e todos os que, desprevenidos, são apanhados pelo carrinho em fuga, o qual cria os mais incríveis acidentes e grande confusão. Obra-mestra do livro infantil, pioneira dos formatos especiais, é agora recuperada um século depois para os leitores do séc. XXI.


O livro inclinado é uma história intemporal. A sua publicação em português pela Orfeu Negro em 2009 é prova disso, não fosse esta obra de 1910... Ou seja, já tem 83 anitos, e portanto faz parte do domínio público. *

Como pode uma obra de 83 anos manter a mesma frescura para que seja publicada neste nosso século? Pois bem, Peter Newell pensava "outside the box" ou, cá para nós que somos portugueses, fora da caixa. Esta obra apresenta o que os editores e ilustradores modernos têm tentado fazer: um jogo de complementariedade entre texto, design e forma. O livro inclinado é realmente inclinado, o próprio texto escreve-se por linhas inclinadas e as imagens parecem escorregar colina abaixo, não fosse o texto narrar a história de como o Bobby ganhou balanço no seu carrinho e desceu a encosta com toda a velocidade, encontrando pelo caminho várias personagens e deixando para trás uma grande bagunça, até que é atirado para fora do carrinho e cai são e salvo, amparado por um monte de palha. 

O ritmo do texto é acelerado tal como o é a descida do Bobby pela montanha. È um livro divertido de manusear e ler em família. Eu já o li duas vezes, com todo o dramatismo necessário, ao meu irmão e marido, que muito se riam de todas as desgraças e malandrices que o Bobby vai fazendo pelo caminho.

Leitura recomendada para toda a família.

* para quem não saiba, uma obra passa para o domínio público, ou seja, deixa de haver obrigatoriedade de pagamento de direitos de autor, após 70 anos da morte do criador da mesma. 



Sobre a Orfeu Negro - orfeu Mini

Orfeu Mini nasce em Outubro de 2008, com a publicação de O Livro Inclinado, um livro cujo formato, literalmente inclinado, joga com (e faz parte de) a própria história. Criado em 1910 pelo artista americano Peter Newell, O Livro Inclinadosugere novas direcções na feitura e concepção do livro ilustrado para miúdos, apelando, de igual modo, aos graúdos. Ou vice-versa. 

Rumo aos sentidos e à inventividade, os livros MINI estendem e ampliam o território artístico da ORFEU NEGRO, das imagens ao papel, das palavras ao desenho gráfico. São livros inclinados, dentados, peculiares, inusitados. Para deleite e reflexão. 

Livros que fazem (e sabem) bem.

(In orfeunegro.org)

Aconselho também os livros de Oliver Jeffers "Presos", "Sobe e Desce", "Perdido e Achado" "O coração e a garrafa" "O Incrível rapaz que devorava livros" e "Este Alce é meu"  publicados também pela Orfeu Negro - colecção Orfeu Mini 

domingo, 14 de julho de 2013

Letras na Avenida


Não há Feira do Livro do Porto mas há Letras na Avenida dis Aliados de 12 a 28 deste mês.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Irmão Lobo de Carla Maia de Almeida pela Planeta Tangerina

Irmão Lobo é o segundo livro da coleção Dois passos e um salto da Planeta Tangerina, uma coleção de livros ilustrados para gente mais crescida. Foi escrito por Carla Maia de Almeida e ilustrado por António Jorge Gonçalves.

Sobre a autora:



Carla Maia de Almeida nasceu em Matosinhos, a 12 de Janeiro de 1969. 
É jornalista de imprensa desde 1992 e escreve atualmente na revista LER sobre livros infanto-juvenis, área em que também faz traduções e formação. Licenciada e pós-graduada em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa, tem uma Pós-Graduação em Livro Infantil pela Universidade Católica Portuguesa. Na Caminho, publicou O Gato e a Rainha Só (ilustrações de Júlio Vanzeler, 2005); Não Quero Usar Óculos (ilustrações de André Letria, 2008), também editado no Brasil pela Peirópolis; Ainda Falta Muito? (ilustrações de Alex Gozblau, 2009); e Onde Moram as Casas (ilustrações de Alexandre Esgaio, 2011). Publicou ainda um conto na coletânea Capuchinho Vermelho: Histórias Secretas e Outras Menos (Bags of Books, 2012) e A Lebre de Chumbo, uma edição da APCC — Associação para a Promoção Cultural da Criança (ilustrações de Alex Gozblau, 2012). 

Vive em Lisboa e tem um blogue chamado O Jardim Assombrado.


Sobre o ilustrador:



Nasceu e vive em Lisboa.
Licenciou-se em Design de Comunicação, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e fez mestrado em Cenografia de Teatro na Slade School of Fine Art, de Londres, onde foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.
O seu trabalho envolve ilustração editorial, performance visual e cartoons políticos.
É autor dos álbuns de banda desenhada da série Filipe Seems (com Nuno Artur Silva) e das novelas gráficas A Arte Suprema e Rei (com Rui Zink).
Fez direção visual em várias peças de teatro, entre as quais O que diz Molero eArte (encenações de António Feio) e Como fazer coisas com palavras (com Ricardo Araújo Pereira).
Criou o projeto Subway Life, desenhando pessoas sentadas nas carruagens do Metro de muitas cidades do mundo.  
Escreveu e realizou o filme/espetáculo Lisboa quem és tu? para ser projetado nas muralhas do castelo de São Jorge, em Lisboa.
Na última década, as suas performances de Desenho Digital têm tido lugar um pouco por todo o mundo, envolvendo artistas como Bulllet, Kalaf, Amélia Muge, Micro Audio Waves, Gino Robair, Ellen Fullman, Mário Laginha ou Bernardo Sassetti.
Leciona Espaços Performativos no Mestrado em Artes Cénicas (FSCH, Lisboa).



Sobre a obra:



"Malik. Penso nele como um totem que mantinha a tribo unida, a tentar adaptar-se ao apartamento e a sonhar com o seu antigo tipi rodeado de verde.
Nas poucas fotografias que tirámos depois de ele partir, parecemos um punhado de moedas atiradas ao ar, caídas ao acaso, afastadas umas das outras. Esta, por exemplo, com a Blanche a olhar para mim, Alce Negro a olhar para o céu, o Fóssil a olhar para os ténis e a Miss Kitty de óculos escuros, a olhar para dentro, para os lugares onde só ela entrava. 
Depois daquele verão em que tudo começou a arder, nunca mais aparecemos os cinco nas fotografias. Foi o verão da Grande Travessia no Deserto da Morte. Ou, simplesmente, o verão da Grande Travessia.
Lembro-me como se fosse hoje."

Numa narrativa a duas vozes, esta é a história de uma família obrigada a mudar de vida e também de uma viagem por um país que se desmorona. Nela se cruzam a voz da Bolota, 8 anos, quando parte "em expedição pela estrada fora, em direção ao fogo e ao centro da Terra"; e a da mesma personagem, já adolescente, recordando a estranha aventura passada na infância.
(contracapa)

Opinião Pública:

Em Irmão Lobo, Carla Maia de Almeida conseguiu um pequeno milagre: mostrar a partir de dentro, com o equilíbrio certo de rigor narrativo e pensamento mágico (sublinhado pelas extraordinárias ilustrações de António Jorge Gonçalves), a história de uma família em processo de desagregação.(...)
À medida que as dificuldades se acentuam, todos têm de aprender a "respirar debaixo de água" ou a "flutuar". E depois há a sombra da morte, raras vezes aflorada num livro juvenil de forma tão pungente, sem deixar de ser subtil e delicada, apenas sugerida no movimento de um corpo que se afasta, "desaparecendo onde o fumo se misturava com a noite".

José Mário Silva, revista LER

Livro para crianças e adolescentes? Apenas meia verdade. “Irmão Lobo” é um livro tão bom que todos os crescidos deveriam ser obrigados a lê-lo.

Pedro Miguel Silva, Site Rua de Baixo 

(...) A descrição dos estados de alma é tão cuidada que se torna impossível que o leitor não se emocione. Há uma espécie de diálogo imanente com a experiência íntima de cada um e, sem qualquer retórica universalizante, este é um livro que potencialmente se inscreve em todos os leitores. Esperança, redenção, castigo, cobardia, perda, renascimento, sobrevivência, resistência…

O fôlego desta narrativa é imenso, e as ilustrações, apenas a azul e preto, deixam sinais de vazio, de vestígio, de último reduto de segurança. (...) António Jorge Gonçalves reforça momentos da narrativa com perspetivas espaciais que ampliam as inferências emocionais do texto. (...) 

Andreia Brites, Revista Blimunda/ Fundação Saramago 

Irmão Lobo é uma novela avassaladora no modo como indaga a natureza dos afectos e o modo como construímos o nosso lugar no mundo, entre memória e dúvida e sempre com os mortos por perto.

Sara Figueiredo Costa, Revista Atual/ Expresso

 

A minha opinião
Uma escrita aditiva e emocionante, onde a Bolota dos 8 anos e a Bolota adolescente vão narrando a sua experiência através dos olhos da sua idade, dos seus medos, esperanças e desejos. 
Quando a sua tribo (família) se vê obrigada a mudar das vastas planícies para a grande cidade, Bolota vai assitir à desintegração das relações familiares. O colapso da famíli levará o pai de Bolota, o Alce Negro ou o Homem de Gelo, a querer regressar com Bolota ao início, às boas memórias da família feliz e unida. Os dois irão fazer a Grande Travessia no Deserto da Morte. 
Uma história sobre as relações familiares, sobre o ritmo citadino, sobre as memórias, esperanças e sobre perdas. 
Fiquei encantada pela inocência e prespicácia de Bolota aos oito anos. Ver a vida através dos seus olhos é um desafio para qualquer adulto, tornando este livro mais que um livro infanto-juvenil. É um livro para todas as idades.
Um relato de uma família em vias de estilhaçar, num redemoinho formado pelo ritmo louco da cidade, pelas expectativas frustradas e pelos problemas monetários que são a realidade dos nossos dias. Lida com temas difíceis de engolir, quanto mais explicar a crianças, como o divórcio, o abandono, a falta de amor, a morte...
Com um final muito emotivo, é difícil não sentir o nó seco na garganta ou até uma lágrima tímida no canto do olho.


Leitura recomendada!
Avaliação: 9/10

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Nova leitura da semana

Não, ainda não terminei o Jogo do Anjo do Carlos Ruiz Zafon, mas hoje fui buscar à Comédia Divina o livro Mudanças de Mo Yan que ganhei num concurso da melhor fotografia da Feira do Livro de Lisboa e não resisti em dar uma espreitadela... Vai daí já vou quase a meio. O humor corrosivo do autor e até auto-destrutivo, na medida em que goza consigo mesmo, maravilhou-me. Acho que o irei terminar antes de retomar o Zafon. Estou nesse direito, suponho! 

Sei que tenho criticas/opiniões a postar e em breve as colocarei. Aviso é que a minha mãe sempre se queixou que eu não tenho  noção nenhuma do tempo. Dizem que as mães têm sempre razão... a minha diz isso, portanto fiquei sempre com a ideia que era de desconfiar na veracidade de tal afirmação. 

 Mas se alguém, algures, me estiver a acompanhar neste blog, e ansioso pelo que tenho a dizer (doubt that) que fique descansado que tentarei postar durante a próxima semana os textos sobre os livros que andei a ler estas semanas. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Recomendações de leitura do dia:

Aqui fica uma lista dos livros que li estas duas semanas e recomendo:

- Irmão Lobo de Carla Maia de Almeida pela Planeta Tangerina


- O Livro Inclinado de Peter Newell pela Orfeu Negro

- O Livro do Ano de Afonso Cruz pela Alfaguara/Objectiva


- História de uma gaivota e de um gato que a ensinou a voar de Luís Sepúlveda pela Porto Editora


- A Loja dos suicídios de Jean Teulé pela Guerra e Paz



Em breve colocarei pequenas criticas/opiniões sobre os livros acima indicados... entretanto, estou a ler O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Zafon pela Planeta Manuscrito (sequela de A Sombra do Vento publicada pela Dom Quixote, que li há uns meses atrás e cuja critica também deverei postar em breve)



Inauguração - the grand opening


Declaro aberto o blogue de criticas literárias aos livros que tenho nas prateleiras cá em casa e aos que ainda não estão mas em breve serão adicionados à coleção.

I declare open my book review blog, where I'll evaluate the books I have in my bookshelves at home and those which are not yet here but will soon be added to my collection.

Aceito recomendações de leitura. É só comentar num post.
I accept reading recommendations. Just comment on a post.